Mundo político pós 2013

Considerado um ponto de inflexão na história do Brasil recente, as jornadas de junho dividiram águas no mundo da política. Por um lado foram a tangibilização de um crescente interesse público na política, como esfera de disputa, de conversações, e de construção de identidade, e por outro lado o fenômeno foi visto como a emergência de uma crise de representação política.

Naquela época, o pastor e deputado federal Marco Feliciano emergia como personagem que ocupava de forma inédita a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo em que defendia ideias intolerantes em relação à comunidade LGBTIQ+ e às mulheres. Marco Feliciano provocou preocupação e interesse sobre os tipos de projetos de leis que estavam sendo propostos e tramitados no poder legislativo. 

Tal momento de efervescência política também deu origem à Revista Geni, publicação digital inédita com foco em gênero e sexualidade, que reuniu perfis diversos e multidisciplinares em um projeto virtual colaborativo. O projeto ajudou a levar para fora do mundo universitário e acadêmico, por meio de uma linguagem livre e experimental, algumas das discussões acadêmicas de diferentes áreas.

Como coletivo, a Revista Geni indagou, de forma experimental, sobre níveis e qualidades de representatividades de gênero e sexualidades na política brasileira. Num artigo publicado em março de 2014, declaramos que um objetivo – entre outros tantos – da nossa publicação era 

“contribuir para o debate brasileiro sobre gênero e sexualidade, (…) que está incompleto se não incluir o papel que os partidos políticos exercem no nosso sistema político, especialmente após a crise de representatividade deflagrada nos protestos desde o ano passado” (Revista Geni, Partidos Importam, março 2014)

Naquele momento perguntávamos que candidaturas estavam disponíveis e preparadas para disputar os espaços de tomada de decisão a favor da diversidade sexual nos espaços de poder. Havia em quem votar? Em quem? Essas perguntas – bastante interessadas no processo eleitoral daquele ano – nortearam nossa pesquisa. 

“Quando chegam as eleições, aparecem algumas candidaturas de pessoas comprometidas com o avanço em políticas de igualdade e diversidade sexual. Mas até que ponto os próprios partidos adotam posições a respeito da nossa luta?” (Revista Geni, Partidos Importam, março 2014).

Tentamos obter posicionamentos de partidos políticos mediante um questionário enviado por e-mail. Nosso intuito era tentar identificar como essas instituições se posicionavam a respeito de diversas pautas pró-diversidade de gênero e sexualidade. Não obtivemos respostas dos partidos. Naquele momento, na edição seguinte, pudemos concluir que:

“Responder o formulário significa tornar públicos a posição e o estado atual (que pode incluir a ausência) de discussões importantes (e muito urgentes!) para mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros. São temas como educação pela diversidade, aborto, pílula do dia seguinte, criminalização da homofobia, uso de cotas de gênero nas eleições por transsexuais e travestis, aumento da licença paternidade, entre outros (…).

Responder esse tipo de questionamento é uma tarefa ainda mais difícil aos partidos que não colocam gênero e sexualidade entre suas pautas de discussão, seja pela falta de diretórios ou grupos destinados a discutir esses assuntos, ou pela falta de poder desses diretórios ou grupos em definir uma posição para o partido”.

Durante a escrita do artigo de resultados, em conversa conosco, a cientista política Carolina de Paula apontava para falta de diretórios nacionais deliberativos e de órgãos de decisão que afetava a capacidade dos partidos em definir posições a respeito de diversidade sexual e igualdade de gênero. 

Segundo ela, em 2014, “os partidos no Brasil, de modo geral, não possuem unidade partidária para elaborar documentos propositivos, basta olhar a superficialidade dos estatutos partidários”.

Estava claro que não seria possível obter posicionamentos partidários naquele momento. Por esse motivo, adotamos um novo enfoque metodológico para poder gerar conhecimento sobre a relação entre diversidades e partidos. 

Como fonte de pesquisa utilizamos os sites dos partidos para avaliar de que forma as questões relacionadas à diversidade estavam sendo tratadas. A abordagem, inspirada por alguns estudos de comunicação política, tratou de contabilizar espaços e visibilidades de grupos ou setoriais LGBTs dentro dos sites.

Mundo político pós 2013

Considerado um ponto de inflexão na história do Brasil recente, as jornadas de junho dividiram águas no mundo da política. Por um lado foram a tangibilização de um crescente interesse público na política, como esfera de disputa, de conversações, e de construção de identidade, e por outro lado o fenômeno foi visto como a emergência de uma crise de representação política.

Naquela época, o pastor e deputado federal Marco Feliciano emergia como personagem que ocupava de forma inédita a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo em que defendia ideias intolerantes em relação à comunidade LGBTIQ+ e às mulheres. Marco Feliciano provocou preocupação e interesse sobre os tipos de projetos de leis que estavam sendo propostos e tramitados no poder legislativo. 

Tal momento de efervescência política também deu origem à Revista Geni, publicação digital inédita com foco em gênero e sexualidade, que reuniu perfis diversos e multidisciplinares em um projeto virtual colaborativo. O projeto ajudou a levar para fora do mundo universitário e acadêmico, por meio de uma linguagem livre e experimental, algumas das discussões acadêmicas de diferentes áreas.

Como coletivo, a Revista Geni indagou, de forma experimental, sobre níveis e qualidades de representatividades de gênero e sexualidades na política brasileira. Num artigo publicado em março de 2014, declaramos que um objetivo – entre outros tantos – da nossa publicação era 

“contribuir para o debate brasileiro sobre gênero e sexualidade, (…) que está incompleto se não incluir o papel que os partidos políticos exercem no nosso sistema político, especialmente após a crise de representatividade deflagrada nos protestos desde o ano passado” (Revista Geni, Partidos Importam, março 2014)

Naquele momento perguntávamos que candidaturas estavam disponíveis e preparadas para disputar os espaços de tomada de decisão a favor da diversidade sexual nos espaços de poder. Havia em quem votar? Em quem? Essas perguntas – bastante interessadas no processo eleitoral daquele ano – nortearam nossa pesquisa. 

“Quando chegam as eleições, aparecem algumas candidaturas de pessoas comprometidas com o avanço em políticas de igualdade e diversidade sexual. Mas até que ponto os próprios partidos adotam posições a respeito da nossa luta?” (Revista Geni, Partidos Importam, março 2014).

Tentamos obter posicionamentos de partidos políticos mediante um questionário enviado por e-mail. Nosso intuito era tentar identificar como essas instituições se posicionavam a respeito de diversas pautas pró-diversidade de gênero e sexualidade. Não obtivemos respostas dos partidos. Naquele momento, na edição seguinte, pudemos concluir que:

“Responder o formulário significa tornar públicos a posição e o estado atual (que pode incluir a ausência) de discussões importantes (e muito urgentes!) para mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros. São temas como educação pela diversidade, aborto, pílula do dia seguinte, criminalização da homofobia, uso de cotas de gênero nas eleições por transsexuais e travestis, aumento da licença paternidade, entre outros (…).

Responder esse tipo de questionamento é uma tarefa ainda mais difícil aos partidos que não colocam gênero e sexualidade entre suas pautas de discussão, seja pela falta de diretórios ou grupos destinados a discutir esses assuntos, ou pela falta de poder desses diretórios ou grupos em definir uma posição para o partido”.

Durante a escrita do artigo de resultados, em conversa conosco, a cientista política Carolina de Paula apontava para falta de diretórios nacionais deliberativos e de órgãos de decisão que afetava a capacidade dos partidos em definir posições a respeito de diversidade sexual e igualdade de gênero. 

Segundo ela, em 2014, “os partidos no Brasil, de modo geral, não possuem unidade partidária para elaborar documentos propositivos, basta olhar a superficialidade dos estatutos partidários”.

Estava claro que não seria possível obter posicionamentos partidários naquele momento. Por esse motivo, adotamos um novo enfoque metodológico para poder gerar conhecimento sobre a relação entre diversidades e partidos. 

Como fonte de pesquisa utilizamos os sites dos partidos para avaliar de que forma as questões relacionadas à diversidade estavam sendo tratadas. A abordagem, inspirada por alguns estudos de comunicação política, tratou de contabilizar espaços e visibilidades de grupos ou setoriais LGBTs dentro dos sites.